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Uma aventura inesquecível no morro de Santo Antônio


Olhando de longe ele não parece imponente, mas quem nunca subiu até o topo pode se surpreender!


Acostumado com esportes radicais, como viajar de caiaque e remar por mais de 7 horas pelas águas turvas do rio Cuiabá, no domingo passado (01/07/2018) o professor Claudemir, da AABB Cuiabá, encarou com facilidade o desafio de subir o morro de Santo Antônio com uma turma de amigos bem preparados fisicamente. Em menos de meia hora o grupo já estava no topo da montanha, contemplando o panorama. Claudemir, no entanto, foi um dos últimos a chegar, porque teve que esperar 2 retardatários. Um deles era a esposa Luciana, que ficou para trás porque subiu sem nenhuma pressa, para fotografar cada ângulo da trilha. O problema do guia foi o último integrante da equipe, e é sobre ele que iremos falar nas próximas linhas.


Era quem deveria ter chegado à frente dos demais para fazer a cobertura jornalística, e nos primeiros metros da caminhada ele até que foi bem, seguindo os passos da tropa de elite. Mas pouco tempo depois, sem o preparo físico dos demais, o cara foi logo ficando para trás, com as pernas bambas e a respiração ofegante. Do alto de uma árvore uma coruja balançava a cabeça para todos os lados, parecendo compreender perfeitamente que aquele ali destoava do grupo. Afinal de contas ela está habituada com o vai e vem de gente por aquelas bandas e certamente conhece bem a todos que sobem e descem num piscar de olhos.


A uma certa altura do caminho, já cansado de esperar o retardatário, o Professor Claudemir apontou para o céu e gritou para o jornalista ficar atento, porque havia um urubu sobrevoando o céu com voos rasantes, provavelmente percebendo que alguém estava em dificuldade para subir e talvez pudesse lhe servir de almoço. A cada pedra que encontrava à sua frente, meio no jeito para sentar, o retardatário parava e fingia que era uma parada estratégica para tirar fotos, mas a mão trêmula e a respiração forçada sinalizavam o contrário. Ele até pensou em desistir da caminhada achando que poderia permanecer ali mesmo até o grupo retornar, mas lembrou que o esperavam lá em cima para a reportagem.


Além disso, como se tivesse adivinhado seus pensamentos, Claudemir apontou o dedo montanha acima e disse "você vai ter que completar a prova". Muitos garotos cruzaram com eles de bicicleta em plena descida entre as pedras. "Como foi que eles fizeram para subir com tudo isso?", se perguntava o jornalista. O que o fez seguir em frente foi a reação de algumas pessoas desconhecidas que também estavam subindo ou descendo o morro no mesmo momento, dentre eles uma idosa que não disse uma palavra ao passar por ele, mas a sobrancelha franzida denotava surpresa com tamanho despreparo físico de alguém bem mais jovem do que ela.


Diante daquela expressão, meio que de deboche, o pobre jornalista pensou que se até ela conseguiu ele não tinha alternativas a não ser continuar caminhando. Pior que arriscar de morrer sem ar nos pulmões seria morrer de vergonha. Desta forma, motivado pela reserva de orgulho próprio que ainda lhe restava, mesmo cambaleante e se escorando nos troncos de árvore, ele tratou de completar o trajeto.


Os últimos metros foram um alívio para o jornalista. Foi difícil mas ele conseguiu. Se bem que o pensamento de ter que descer dali a instantes o impediu de curtir aqueles breves instantes de maratonista por um dia. Mal teve tempo para descansar deitado ao chão, porque o povo já estava enjoado de ficar ali parado e queria descer de volta. O jornalista, então, levantou-se e foi registrar o momento batendo fotos dos integrantes da equipe. Além deles haviam outros grupos ali. Alguns rezavam, outros cantavam e tinha até mesmo alguém que falava animadamente ao celular com a namorada, comunicando que estava ligando do céu.




Ao contrário da escalada, a descida foi bem mais fácil. Os transtornos respiratórios haviam desaparecido, e o jornalista finalmente conseguiu fazer algumas fotografias, não tão boas, entretanto, quanto as da esposa do Claudemir, que além de uma ótima câmera fotográfica e lentes potentes demonstrou que tem muito talento com esta tecnologia, clicando belas imagens do passeio. Ao chegarem no pé da montanha todo mundo já tinha ido embora, à exceção do Barão, que tinha ido de carona com o Professor e a mulher dele, assim como o jornalista.


Brincadeiras à parte, o passeio foi meio radical mas muito divertido, apesar da companhia incessante do urubu. A ave não ficou, porém, de barriga vazia, porque na região havia um pasto com algumas vacas, e uma delas estava morta, possivelmente em consequência da picada de cobra ou algum outro animal peçonhento.


Antes de voltar a cuiabá, o Professor Claudemir ainda teve a ideia de dar uma esticadinha até a cidade de Santo Antonio do Leverger, onde havia uma feirinha no centro, com parada obrigatória para um pastel e um caldo de cana. O passeio só acabou após uma visita à praia do rio Cuiabá, de onde se viam muitos peixes nadando à flor da água, e, a alguns metros dali, muitas pessoas tomavam banho de rio. Ainda não era nem 10 horas da manhã, mas o sol já estava quente do jeito como os banhistas gostam.


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